Ex-guerrilheiros das Farc sofrem represálias
O ano de 2019 foi o “mais violento” contra os ex-guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) desde que a paz foi assinada na Colômbia, em 2016: foram 77 assassinatos, além de 14 desaparecimentos e 29 tentativas de homicídio, de acordo com um relatório da ONU publicado nesta terça-feira. Com isso, sobe para 173 o total de ex-combatentes mortos desde o histórico acordo de paz.
No documento, publicado em Bogotá e que será apresentado ao Conselho de Segurança da ONU em Nova York no dia 13 de janeiro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reitera o pedido por “medidas mais eficazes para proteger a vida dos ex-combatentes das Farc , especialmente levando em conta que 2019 foi o ano mais violento" para eles.
O documento, que faz um balanço dos progressos realizados na implementação do acordo de paz em relação à reincorporação econômica, social e política dos ex-integrantes das Farc no último trimestre do ano, tem uma grande parte dedicada à situação de segurança dos antigos guerrilheiros .
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A ONU citou números das autoridades locais que mostram que 80% dos ataques estão relacionados a grupos criminosos e organizações ligadas ao tráfico de drogas e outras atividades, como mineração ilegal.
“Ainda há desafios em relação ao desmantelamento das estruturas por trás desses assassinatos, já que apenas nove dos 67 suspeitos presos são autores intelectuais”, aponta Guterres no relatório.
O documento também denuncia o aumento de violência contra ativistas de direitos humanos e líderes sociais. Desde que a paz foi assinada, em novembro de 2016, foram 303 assassinatos, 86 em 2019, incluindo 12 mulheres.
Na semana passada, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha divulgou outro relatório que mostra que houve ao menos uma vítima de artefatos explosivos e minas para cada dia de 2019 no país. Apenas em uma única semana de dezembro, foram relatadas 11 vítimas.
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A retirada das minas e de outros artefatos explosivos era um dos objetivos do acordo de paz entre o governo colombiano e as Farc . E, embora se tenha trabalhado na limpeza de algumas áreas, a realidade é que os explosivos continuam mutilando o povo — e, em especial, a população rural. Das 319 vítimas registradas entre janeiro e novembro de 2019, 142 são civis e, delas, 19 são menores de idade. O número é significativamente maior que as 220 vítimas registradas em 2018.
IG