Operação Fim da Linha, do Ministério Público de São Paulo, mirou duas empresas de ônibus, a UPBus e a Transwolff, por suspeitas de lavarem dinheiro para o PCC
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta segunda que foi o ex-prefeito Celso Pitta e o PT que colocaram "essas empresas" de ônibus para o sistema da capital, quando questionado sobre as suspeitas do crime organizado nas concessionárias de transporte público da cidade.
Em abril deste ano, a operação Fim da Linha, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), mirou duas empresas de ônibus, a UPBus e a Transwolff, por suspeitas de lavarem dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC). Durante entrevista ao podcast O Assunto, do g1, Nunes afirmou que a Controladoria-Geral do Município (CGM) está investigando o assunto na esfera administrativa, disse que “não tem medo” do suposto envolvimento do PCC no sistema de ônibus da capital e relacionou o PT e Pitta a irregularidades na área.
— Quem colocou essas empresas para dentro do sistema? Pitta, o prefeito cai-não-cai, encheram de pessoas fazendo tranpsorte ilegal, quando entra o governo do PT, eles fazem um contrato emergencial e legaliza o ilegal. Vários governos assinaram (contratos de) emergência com essas empresas. O Bruno Covas (prefeito entre 2017 e 2021) faz a licitação, pela lei. Foi pedida a certidão da Receita Federal, do FGTS, de capacidade técnica, elas apresentaram. O PT colocou eles para dentro do sistema legalizado, aí eles tinham o atestado de que eram capazes de fazer o serviço. Quando eu assumo a prefeitura, já tinham os contratos. Eu não assinei contrato, eu tô fiscalizando — afirmou Nunes.
Veja também
Eduardo Paes diz que perdeu 70% do patrimônio em quatro anos de mandato
Integrantes do PL culpam Bolsonaro por perdas de aliados para o PT nas eleições municipais
Pitta foi prefeito do município entre 1997 e 2000, e em seu governo deu autorização para que os perueiros que já operavam o transporte alternativo de vans e peruas na cidade se regularizassem. Essas vans foram substituídas por micro-ônibus que são operadas por cooperativas. Já a licitação que escolheu as concessionárias responsáveis pelo sistema de ônibus tradicionais (entre elas a Transwolff e UPBus) foi feita em 2019, sob a administração Bruno Covas, e os contratos valem por 30 anos.
Nunes disse que já tem o relatório da CGM que investigou as supostas atividades criminosas nas concessionárias, mas não deu informações sobre seu resultado, e ainda destacou que a prefeitura é assistente de acusação neste caso.
— Uma coisa é investigação administrativa, outra é criminal. A prefeitura não tem poder de fazer quebra de sigilo, interceptação telefônica, os poderes são da Polícia Civil e do Ministério Público. A fiscalização está sendo feita — acrescentou.
O prefeito também foi questionado sobre a suposta participação na máfia das creches, esquema investigado pela Polícia Federal, que apontou indícios de que Nunes, quando era vereador, teria participado do esquema criminoso de desvio de verbas de creches conveniadas com a prefeitura. Ele destacou que não foi indiciado no caso.
— Eu nunca tive uma condenação, nunca na minha vida inteira, nunca fui condenado a nada. Eu não tenho, nesse processo, nenhuma acusação. Houve a conclusão do inquérito, faltando dois meses para a eleição, normal, as pessoas foram indiciadas e eu não fui indiciado. Não existe acusação contra mim, minha vida continua limpa. Eu tenho a convicção de sempre ter sido uma pessoa correta, e que eu vivo do meu trabalho. Querem criar uma narrativa de algo, mas não existe nenhuma condenação, nunca fui condenado — falou.
Em relação ao fim do serviço de aborto legal no Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte da cidade, o prefeito disse que foi uma decisão da equipe técnica para que o hospital passasse a oferecer outros serviços.
— Foi uma decisão da equipe técnica. Não é o prefeito, não é um jornalista, alguém fora do contexto, que têm a melhor condição de dizer onde o procedimento deve ser realizado, é o médico. O meu secretário da saúde tem 37 anos de prefeitura. A gente não deixou de fazer o atendimento de aborto legal na cidade, se você pode ter um equipamento de saúde para outro serviço, é adequar para melhor atender, aí vem alguém lá de Brasília querer opinar no dia a dia de trabalho de técnicos — afirmou, fazendo referência a uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou que hospitais municipais de São Paulo informassem se estavam realizando o aborto em casos de estupro.
O emedebista ainda foi questionado sobre quem prefere enfrentar no segundo turno ou quem apoiará caso não vá para o segundo turno, mas ele disse estar seguro de que estará no páreo.
Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no Facebook, Twitter e no Instagram.
Entre no nosso Grupo de WhatApp, Canal e Telegram
— Eu vou para o segundo turno. Não vou ser arrogante e dizer que não vai ter segundo turno, mas eu vou para o segundo turno porque eu tenho consciência do que estou fazendo, colocamos São Paulo num patamar de segurança jurídica, fizemos investimentos. Eu tenho sentido de todos eles (os outros candidatos) muito despreparo. Tem pessoas que falam coisas impossíveis, não conhece de orçamento, de responsabilidade fiscal. Não conhece de cidade – concluiu.
Fonte: O Globo