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25/01/2020

Pai de vítima do Ninho do Urubu isenta Flamengo: 'Foi fatalidade'

Foto: Arquivo pessoal / José Viana Lopes

José Lopes Viana abraça o filho, uma das vítimas do incêndio no Ninho do Urubu

O cabeleireiro e corretor de imóveis José Lopes Viana, de 60 anos, é uma das poucas vozes destoante entre os familiares dos dez garotos mortos no incêndio no CT Ninho do Urubu, em Vargem Grande, no Rio de Janeiro, ocorrido em fevereiro de 2019. Pai do meia Rykelmo de Souza Viana, ele entendeu por bem aceitar a indenização oferecida clube e firmou um acordo financeiro com o Flamengo.

 

A atitude contrariou a mãe do atleta, Rosana de Souza, de 50 anos, que ainda aguarda por uma ação movida na Justiça para receber os valores considerados justos por ela. Mas José Lopes ponderou que seria muito difícil para ele passar por uma disputa judicial que poderia se arrastar por anos.

 

"É muito dolorido você ficar pensando em um dinheiro que nunca quis, principalmente da maneira que foi. Então, quando saiu um acordo que seria bom para mim, fechei sem dificuldade. Estou amparado para o resto da vida. Nunca dependi disso. Tenho o meu serviço. Foi uma forma de me afastar dessa confusão", explicou Viana em entrevista exclusiva ao R7.

 

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Pai de Rykelmo se recusou a comparecer em homenagens ao filho: "Dolorido"

Foto: Arquivo pessoal/José Viana Lopes

 

O pai do jogador frisou que havia concordado com os argumentos dos advogados do Flamengo, utilizados para basear os cálculos da quantia a ser oferecida aos familiares das vítimas, de que a carreira profissional do adolescente no futebol ainda era uma incógnita.

 

No entanto, apesar de considerar as circunstâncias da morte do filho como "uma fatalidade", José Viana frisou que ninguém do clube rubro-negro o informou sobre detalhes do inquérito aberto para apurar as causas do incêndio. "Não vou aplaudir um clube que levou o meu filho a essa situação. Esse é o meu pensamento", completou.

 

Veterano jogador de futebol amador em Limeira, no interior de São Paulo, onde mantém um salão de cabeleireiro há cerca de 30 anos, José Lopes revelou com orgulho que o filho mais velho também teve oportunidade de seguir uma carreira profissional no esporte. "Mas arrumou uma namorada e largou o futebol. O Rykelmo brincava com o irmão que não seria 'besta' como ele", disse.


Rykelmo tinha 16 anos

Foto:Arquivo pessoal/José Viana Lopes

 

Proximidade com o filho

 

Apesar de haver uma certa distância, provocada pela rotina de atleta de base do garoto e acrescida pela separação da mulher, ocorrida quando Rykelmo tinha aproximadamente cinco anos, José Lopes disse que o menino sempre o acompanhava nos campeonatos locais e que ambos tinham uma relação bastante próxima.

 

"O Rykelmo era tudo pra mim. Desde pequeninho. Quando ele disputou o campeonato paulista pelo Galo [Independente de Limeira], eu o acompanhei em todos os jogos. Quando ele foi para a Portuguesa Santista, acompanhei praticamente todos os jogos também. Todos os finais de semana, pegava o carro e ia para lá [Santos, onde o menino passava a semana]", contou.


Homenagem a um argentino

 

O nome do filho foi escolhido por José Lopes para homenagear o meio-campista Juan Román Riquelme, jogador que fez história nos anos 1990 e 2000 com a camisa do Boca Juniors e da seleção argentina. "Sempre fui fã do cara e pensei que, se tivesse outro filho homem, colocaria o nome dele. E Deus me deu. Não sei o porquê, ele seguiu a mesma carreira. E iria chegar onde queria. Ele iria voar mais alto, pode ter certeza disso", projetou.

 

 

O pai de Rykelmo relembrou também o início do menino, que teve o talento reconhecido ainda muito cedo pelos boleiros da cidade e tinha a determinação que levaria ao estrelato. "Era o que ele queria. Ele era focado, saiu de casa aos 13 anos. Era o sonho dele. O incêndio interrompeu uma carreira brilhante", finalizou José Lopes Viana.

 

Imbróglio

 

Passados 11 meses e meio da tragédia no CT Ninho do Urubu, a maioria das famílias dos dez meninos que morreram no incêndio ainda aguarda por uma definição da diretoria flamenguista e por ações movidas na Justiça. Por isso, a Promotoria e a Defensoria Pública do Rio de Janeiro entraram com uma ação na 1ª Vara Cível da Barra da Tijuca.

 

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O clube tem pago uma pensão mensal de R$ 5 mil aos pais e oferece auxílio em algumas questões pontuais, como tratamentos médico e psicológico. Porém, os valores que o Flamengo pretende oferecer como indenização são considerados insuficientes pelos promotores e defensores públicos do Estado em razão do futuro que os garotos poderiam ter no futebol.

 

"Eles poderiam ser reservas, mas também poderiam ser um Neymar ou tantos outros que o Flamengo vendeu. Quando o clube causa um incêndio, causa a perda do menino e impede que a gente saiba se aquele jogador seria um reserva ou um titular da seleção brasileira", ponderou a defensora pública Cíntia Guedes. 

 

R7

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