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10/02/2023

Por que terror e religião costumam andar juntos?

Foto: Reprodução

Entenda essa relação imaculada

Pode até parecer contraditório, mas um dos gêneros cinematográficos que mais aborda a religião, seus dogmas e nuances é o terror. Seja na condução de exorcismos, enfrentamento a assombrações ou até mesmo para afastar criaturas sinistras, a crença em algo superior e benevolente entra em cena com seus crucifixos e água benta. Para o bem ou para o mal.

 

Mas a relação de terror e religião vai muito mais longe do que usar alguns artefatos sagrados. Aliás, ela nem se limita à doutrinação cristã — embora ela possivelmente seja a mais citada. Prova disso são filmes como o expressionista alemão O Golem (1915), inspirado numa criatura do folclore judaico, e tantos outros que abordam crenças pagãs — embora muitas vezes sob o véu cristão.

 

A maneira mais simples de entender essa relação que chega a ser codependente é lembrar que na maioria dos filmes (não apenas no terror) existe uma espécie de batalha do bem contra o mal. São os contrastes entre essas duas forças que desencadeiam toda uma série de eventos que deve culminar com a inevitável vitória do bem, certo? Bom, nem sempre.

 

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TOCANDO O TERROR NA IGREJA

 

Muitas histórias de terror se alimentam justamente dos dogmas e medos impostos pela própria Igreja. Isso, é claro, não é exclusividade do cristianismo, mas levando em consideração a ampla disseminação dele no Ocidente, reconhecível até por quem não é praticante, é natural que ele costume ser o foco das disputas entre o bem e o mal ou de Deus contra o diabo, por exemplo.

 

Se pararmos para pensar, a própria Bíblia traz a sua boa dose de terror para as escrituras. Várias passagens lidam com morte, castigos divinos e derramamento de sangue. Talvez seja uma das mais influentes coletâneas de contos de horror de todos os tempos, influenciando histórias como as que compõem os Livros de Sangue de Clive Barker.

 

Aliás, vários livros e filmes de terror se inspiraram em passagens específicas da Bíblia. Para a crucificação de Jesus Cristo, lembre-se da mãe de Carrie em Carrie, a Estranha. Para as vítimas tomadas pelo lago de sangue do Livro das Revelações (14:20), lembre-se da piscina de sangue em Abismo do Medo ou até mesmo a onda de sangue saindo dos elevadores em O Iluminado. Isso sem contar toda aquela história de Jesus se levantar do túmulo, tal qual os zumbis de A Noite dos Mortos-Vivos.

 

O principal combustível para tantas produções que lidam com o cristianismo é justamente o medo perpetuado por suas igrejas ao longo dos séculos. Fiéis devem temer a Deus, negar o diabo e devotar sua vida à religião, senão o castigo será infernal e, pior ainda, eterno!

 

É por isso que boa parte dessas narrativas envolvendo religião aborda algum tipo de ruptura dessa fé. O padre desiludido, a menina que tenta contatar espíritos e acaba possuída, o ator que sela um pacto pela fama, a família que perde sua fé por conta das assombrações da casa. A lição é bem semelhante ao Pecado Original: quem cai em tentação está sujeito aos horrores celestiais.

 

Porém, a mensagem não é tão imaculada assim, afinal, bastaria ter fé que nada de mau iria lhe acontecer, certo? Aí é que estão os detalhes onde o diabo mora: boa parte dessas histórias de possessão, assombrações e exorcismos lida com um Deus distante, quase omisso, e de demônios muito mais presentes na rotina terrena. É trabalho seu (ou dos exorcistas de plantão) restabelecer essa conexão divina.

 

“NUNSPLOITATION” E TERROR CRISTÃO EM ALTA

 

 

Até para quem não segue alguma religião, há algo fascinante e ao mesmo tempo enervante ao lidar com o sobrenatural sob a ótica cristã. Cemitérios profanados, jovens possuídas por demônios e casas assombradas sempre dão aquela sensação de que você está mexendo com o que não deveria. É meio que seguindo aquele ditado: “você pode não acreditar no diabo, mas ele acredita em você”.

 

Toda essa relação antagônica do bem contra o mal põe em xeque os nossos valores enquanto indivíduos e sociedade. A vaidade de Kevin o colocou no radar do próprio Capiroto em O Advogado do Diabo. Os questionamentos religiosos de Emily Rose a colocaram no centro de um exorcismo letal.

 

consecration

Fotos: Reprodução

 

O nosso medo do sobrenatural alimenta franquias que recentemente se consagraram no cinema, como Invocação do Mal, na qual o casal de demonologistas Ed e Lorraine Warren buscam ajudar famílias a afastarem demônios de suas vidas — em alguns casos, levando o assunto aos tribunais.

 

O tema continua tão em alta que até foi criado o termo nunsploitation para se referir a um nicho exclusivamente dedicado às freiras (que curiosamente já existe desde a década de 1970). Foi justamente de Invocação do Mal 2 que saiu a franquia A Freira, dedicada especificamente a casos sobrenaturais e demoníacos que uma freira encontrou pelo caminho.

 

Consecration é um exemplo fresquinho que traz o terror para o clero. O longa de Christopher Smith é contado do ponto de vista da médica Grace, que é convocada para ir a um distante convento na Escócia após o suposto suicídio de seu irmão, que era padre, o que irá desenterrar revelações envolvendo assassinato, sacrilégio e verdades perturbadoras sobre o passado da personagem.

 

Na minissérie Missa da Meia-Noite, o mal se dissemina entre os fiéis que moram em uma isolada ilha, e tudo pode ter relação com o jovem padre que acabou de assumir a paróquia. Também em uma atmosfera de isolamento, A Bruxa fala com as paranoias que a fé pode causar dentro de membros de uma mesma família.

 

Nem mesmo a maternidade escapa dos desdobramentos religiosos do terror. Em O Bebê de Rosemary uma mulher é atormentada pela possibilidade de estar gerando o filho do Anticristo em seu ventre. Em A Profecia a criança já nasceu, o que não melhora muito a situação da mãe da criança. Por outro lado, a fé tem um papel bem diferente e repressor na maternidade de Margaret em Carrie, a Estranha.

 

Em O Exorcista bastou uma brincadeira de Regan para trazer o demônio para dentro da casa de Chris MacNeil, enquanto em Hereditário um antigo culto estende suas garras demoníacas através de gerações.

 

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Embora o terror se utilize de diversos artifícios religiosos para gelar a nossa espinha, nem sempre ele vem com a missão de doutrinar para qualquer um dos lados. Porém, considerando o histórico do gênero, caso você esteja em um filme de terror não pare para rezar, pois assim o vilão irá te alcançar. Primeiro pegue algo para se defender e depois chame um exorcista, só por garantia.

 

Fonte: DarkSide

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