A meta do governo britânico é encontrar cada caso das variantes que geram preocupação
Uma das principais ações de combate ao coronavírus no Reino Unido é rastrear cidadãos que tiveram contato com alguém doente.
A meta é encontrar cada caso das variantes que geram preocupação. A cepa identificada no Brasil e a da África do Sul podem se espalhar depressa, mas ainda não são dominantes no Reino Unido.
O governo britânico explicou que a busca por essas variantes é de porta-em-porta. Um método que aquela mesma Londres usou em 1854. Mais de 600 pessoas morreram infectadas em apenas algumas semanas. Um surto de cólera atingiu o bairro do Soho. A doença faz o corpo tentar expulsar as bactérias no intestino pelo vômito e pela diarreia. A rápida perda de líquidos é fatal.
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Naquela época não tinha rede de esgoto. As pessoas jogavam nas ruas o produto dos seus intestinos. Londres estava lotada de cortiços; as pessoas se amontoavam nos prédios. A falta de saneamento, a superlotação e o serviço médico ruim agravavam o quadro e o cólera matava metade dos infectados naquela época.
Ninguém sabia como a doença era transmitida. Muitas pessoas acreditavam que o contágio acontecesse por uma névoa tóxica: miasma. Mapas do século XIX até mostram essa suposta nuvem de cólera. Alguns se cobriam dos pés à cabeça para se prevenir do miasma. As autoridades sanitárias espalhavam desinfetantes nas calçadas onde a tal névoa poderia ter tocado.
Um médico londrino pensava diferente. John Snow tinha publicado um estudo cinco anos antes, alegando que a água contaminada é que causava o cólera. O novo surto era a chance de provar a hipótese.
John fez um mapa para desvendar o mistério. Não era comum que as pessoas recebessem água em casa; ela vinha de uma fonte pública. A que ficava mais perto da maioria das vítimas era uma em frente ao número 40 da Broad Street - cada barra representa uma morte por cólera. Ele foi de porta-em-porta e perguntou a quem morava com os mortos: “De onde vem a água que os senhores bebem?”. “Ali na Broad Street 40”, respondiam.
Jimmy Whitworth, especialista da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, explica que John Snow interditou a fonte e ninguém mais morreu de cólera nos arredores. Mais tarde descobriram que uma fossa tinha contaminado a fonte. O caso ajudou a acabar com o mito do miasma.
O novo coronavírus botou de novo a Ciência nas ruas. O teste caseiro de alguém na Inglaterra deu positivo para variante identificada no Brasil. Mas a pessoa mandou sem dados pessoais a amostra dela pelo correio.
O governo verificou o código de barras do kit que o infectado usou e chegou a 379 endereços para onde tinham mandado os testes caseiros. Um time de 40 funcionários procurou os moradores até identificar quem mandou a amostra.
O ministro da Saúde explicou que a pessoa pegou a variante de alguém que veio do Brasil. Mas todos cumpriram a quarentena em casa. Pelo sim pelo não, o governo vai reforçar os testes na vizinhança.
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Os cientistas garantem que podem ajustar em poucos meses as vacinas para funcionar bem contra qualquer variante. Seria uma dose de reforço. Mas é preciso fechar a fonte de contágio.
Fonte: G1