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12/04/2020

Saiba quem é o pedinte agredido e humilhado por empresários

Foto: Reprodução

Morador de rua de Sinop sofreu uma agressão gratuita por parte de empresários

O anonimato de Anderson Luis da Silva Zahn, 25 anos, acabou na última quinta-feira (9). Naquele dia, um vídeo – gravado por Hidelbrando José Pais dos Santos na segunda-feira (6) – em que o morador de rua é agredido pelo empresário Adonias Correia de Santana, 43 anos, foi divulgado nas redes sociais e rodou o Brasil.

 

Desde então, Anderson se tornou conhecido e a Polícia Judiciária Civil tenta encontrar Hidelbrando e Adonias, que ainda não se apresentaram espontaneamente, nem foram presos.

 

Mas, afinal, o que se sabe do homem que foi humilhado e agredido em um vídeo gravado e compartilhado sem o seu consentimento?

 

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A rua


Morador de rua, Anderson costuma dormir em um posto de combustível na Rua das Pitangueiras, no Setor Comercial de Sinop (500 km de Cuiabá).

 

Sobrevive de doações. Costuma ficar nas ruas ou na porta de estabelecimentos da cidade com uma placa escrita: “To com fome. Você pode me ajudar?”.

 

No dia da agressão, ele estava na porta de um supermercado. Ao contar sobre o que aconteceu para um programa da TV local e lembrar que o agressor o mandou trabalhar, Anderson disse ficar na rua por não ter outra opção.

 

“Quando eles estavam saindo eu falei: ‘se você tem uns trabalhos pode me arrumar um serviço, não estou aqui porque eu quero, estou aqui porque preciso’. Muitas vezes as pessoas falam: ‘Vai trabalhar’. Me dá um trabalho que eu vou. A gente procura, procura e não acha”, afirmou ele, ao Alô Sinop.

 

Ele contou já ter sido muito xingado desde que passou a morar na rua, mas que, ainda assim, se surpreendeu com a agressão, que nunca havia acontecido.

 

“Não é porque eu moro na rua que pode qualquer um chegar e bater na minha cara. Não estou fazendo nada de errado, não estou roubando, não estou matando”, disse.

 

 

Passagens policiais


Anderson já foi denunciado por três furtos em Sinop. O primeiro foi em 2017 na residência de um casal que o acolheu por alguns dias, após ele ter saído de uma clínica de reabilitação para dependentes químicos.

 

Após alguns dias na casa, ele teria descumprido uma ordem dos donos da casa e foi pedido que se retirasse.

 

Depois que ele foi embora, porém, a mulher percebeu a falta de um celular, um tablet e algumas joias. Ela registrou um boletim de ocorrência denunciando o furto e afirmou que algumas pessoas teriam visto Anderson vendendo objetos pertencentes a ela.

 

O segundo furto do qual ele foi acusado foi em janeiro deste ano, em um supermercado. Anderson foi detido por seguranças que o viram pegando uma caixinha de som, escondendo nas vestes e tentando sair sem pagar por ela. Ele foi encaminhado para a delegacia.

 

O terceiro no fim de fevereiro deste ano. Ele foi acusado de furtar uma bicicleta em um posto de combustível. Porém, algumas pessoas o flagraram, seguiram e acionaram a polícia. Mais uma vez, ele foi encaminhado para a delegacia.

 

Vício e internação


Os furtos são característicos do problema contra o qual Anderson luta há anos: a dependência química.

 

O vídeo que o fez conhecido, no entanto, deu a ele uma ajuda para, mais uma vez, ter uma chance de conseguir sair do vício.

 

O ex-jogador de futebol Juninho Pernambucano, que já atuou em times como o Vasco, o Sport, o Olympique Lyonnais, Al Gharafa, se comoveu com a história de Anderson e resolveu ajudá-lo.

 

Em seu perfil no Twitter, o jogador contou que conversou com o advogado que está acompanhando o caso da agressão, Rogério Pereira, e que Anderson foi internado em uma clínica de reabilitação nessa sexta-feira (10).

 

“Anderson é dependente químico, antes de criticá-lo, saiba que, na maioria das vezes, o caminho das drogas é o único que é capaz, para muitos, de trazer algum prazer em estar vivo. Não incentivo ninguém a usar, mas não me acho no direito de dizer o que cada um deve fazer com seu corpo, pois a única coisa intocável que você tem é sua vida, sua liberdade, mesmo que seja pra fazer mal a você mesmo”, escreveu o ex-jogador.

 

Ele contou ser contra a política violenta de combate às drogas por acreditar que não traz resultados. E que a internação de Anderson, por no mínimo três meses, em uma clínica especializada em dependência química, foi com total consentimento dele.

 

“A família do Anderson só falou coisas boas dele. E sabe que ele precisa de ajuda. Não adianta darmos a ele as doações que muitos de nós queríamos fazer, pois, claro, ele não suportaria a tentação do uso. Se ele precisar ficar 1 ano, ficará, mas queremos ele recuperado e de volta à sociedade como exemplo pra outros”, afirmou Juninho.

 

Em um vídeo, Anderson agradeceu o ex jogador. Veja:

 

 

 Processo


Assim que viu o vídeo da agressão, ainda na quinta-feira (9), o advogado Rogério Pereira fez uma publicação em sua página pessoal nas redes sociais, pedindo para todos o ajudarem a identificar os agressores – de modo que fossem representados criminalmente.


Professor de direito penal, ele contou no Facebook que foi acionado por alunos que viram o vídeo e pediram ajuda.

 

“Sensibilizei-me com a situação e prontamente sai à procura do Anderson, visando levá-lo à delegacia. A partir de então, dei início ao procedimento Administrativo-Policial de praxe”, escreveu o advogado.

 

Fotos: Reprodução

 

Após a circulação do vídeo, porém, um áudio do empresário que agrediu Anderson também foi divulgado. Na gravação ele diz que não será atingido pela viralização do vídeo.


“Não estou preocupado com isso ai não. Isso ai é um pilantra, fica tomando dinheiro dos outros lá na rua. […] Pode continuar divulgando, da minha parte não vai me atingir em nada não”.

 

Questionado sobre o áudio, Anderson foi categórico:

 

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“Ele não está nem ai com nada, nasceu no berço de ouro, é rico, tem dinheiro. Ele pode gastar o dinheiro que for, mas uma hora vai pesar a mão de Deus na vida dele, aí é diferente. Ele acha que se ele não for cobrado aqui na terra, Deus não vai cobrar ele? Vai. Deus cobra”.

 

Metrópoles

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