Técnico evita rebater ataques do vice Hamilton Mourão e de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro
Um dia após o afastamento de Rogério Caboclo da presidência da CBF por 30 dias, o técnico Tite, da seleção brasileira masculina de futebol, disse saber a gravidade das denúncias de assédio sexual e moral ao dirigente, mas evitou comentar o assunto.
Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira, Tite foi questionado sobre o caso e afirmou:
– Eu compreendo a pergunta. Sabemos a dimensão que tem, a gravidade do caso, temos consciência disso. Agora, existe um Comitê de Ética da CBF que toma as devidas providências. Não é da nossa alçada – comentou.
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Nos últimos dias, o treinador foi alvo de ataques de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que atribuíram a ele a possibilidade de os jogadores da Seleção se recusarem a disputar a Copa América. Entre os críticos estiveram o senador Flávio Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão.
Questionado sobre estas críticas, Tite se esquivou:
– Vou falar sobre o meu juízo e o que a minha escala de valores dizem. Tenho muito respeito ao meu trabalho, à seleção brasileira, a esse momento da Copa do Mundo e de Eliminatórias. E a melhor maneira de retribuir o carinho das pessoas que me apoiam e ao respeito do que estão contra é fazer o meu melhor trabalho possível. É nisso que vou me ater.
Tite também foi perguntado se o treinador de uma seleção nacional precisa estar alinhado ao governo do país.
– Técnico de futebol tem que estar alinhado com o futebol –opinou.
Após dias de debates e incertezas, os jogadores da Seleção decidiram disputar a Copa América, no Brasil. A estreia será domingo, contra a Venezuela, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Porém, Tite evitou falar sobre o tema, que só será comentado por ele por jogadores depois do jogo desta terça-feira, contra o Paraguai, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022. O duelo acontece às 21h30 (de Brasília), em Assunção.
– O tempo das manifestações é o nosso tempo, o que nós entendemos ser correto, quando falo nós, é comissão técnica e atletas. Temos orgulho muito grande da conduta que temos, do respeito que temos a esse momento e ao nosso. Quero sim, estar de corpo e alma, fazendo o melhor trabalho possível. Queremos jogar bola e fazer um grande jogo contra o Paraguai.
O treinador afirmou que não foi ameaçado de demissão por Rogério Caboclo e voltou a dizer que está "em paz" no comando da Seleção.
Apesar de tentar afastar a crise na CBF do dia a dia da Seleção, Tite admitiu que tanta turbulência atrapalha a preparação da sua equipe:
Fotos: Reproduções
– Ela tem sido bastante difícil, porque o momento social é esse. As pessoas acham que temos que ter opinião para tudo. Nós temos que ter capacidade e lugar de fala sobre o que nos diz respeito. É isso o que fazemos com muito amor e paixão. Nós temos dito que temos uma capacidade e inteligência emocionais muito grandes, para saber filtrar as situações, ter tranquilidade, sensatez, apesar das provocações que fazem. Claro que atrapalha, sim, é desafiador. Vamos precisar disso de novo no jogo contra o Paraguai, essa abstração e foco. Externo isso de forma pública o que falei a eles.
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O Brasil é líder das Eliminatórias com 100% de aproveitamento em cinco jogos.
Fonte: Globo Esporte