Eduardo Braga é o político mais rico do Amazonas; ficou assim quando ocupava cargos públicos

Anos 50. O jovem João Braga Júnior abandonou Belém do Pará e veio tentar melhor sorte na pequena Manaus. Era o pós-guerra, a economia local em frangalhos. Inteligente, tino comercial aguçado, João Braga ensaia seus primeiros passos vendendo eletrodomésticos para a população de Manaus. Trabalhador incansável, desejo de vencer e solidário, trás seus irmãos e inicia a montagem do grupo Braga & Cia, onde consegue fazer fortuna e conquistar o respeito da sociedade da pequena Manaus.

Desacertos financeiros e familiares impõem o fim da sociedade comercial entre os irmãos Braga, e cada um passa a seguir seu caminho, dentro do ramo do comércio local. Veio o Golpe de 1964. Carlos Braga envereda pelo caminho da comercialização de máquinas e tratores para o Exército brasileiro. Articulado e visionário, começa a preparar seu filho Carlos Eduardo de Souza Braga, o Eduardo Braga, para ingressar no mundo político-partidário. Bem jovem, é eleito vereador de Manaus pelo partido PDS, sucessor da Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido de sustentação da ditadura militar implantada no dia 31 de março de 1964.

Marcelo Ramos acusa Braga de possuir fortuna pessoal de R$ 30 milhões

Riqueza patrimonial de Braga, de R$ 27,2 milhões, afronta a cidadania e deixa no chinelo o enriquecimento de Dilma e Aécio

Eleito vereador, logo torna-se líder do prefeito biônico Amazonino Mendes, nomeado para o cargo de prefeito pelo governador Gilberto Mestrinho. Dois anos depois, Amazonino Mendes se elege governador, derrotando Artur Virgílio, e Eduardo Braga é eleito deputado estadual pelo PDC e, novamente, torna-se líder na Assembleia Legislativa do seu padrinho político Amazonino Mendes. Escudeiro fiel, defensor incondicional de Amazonino Mendes, Eduardo Braga começa a pavimentar sua carreira política para alçar vôos mais altos, sempre com apoio do seu compadre e amigo.

Amazonino renuncia ao mandato de governador e é eleito senador da República. Eduardo Braga é eleito deputado federal e, juntos, criador e criatura vão para Brasília representar o Amazonas. O mandato de ambos tem curta duração. Com saudades do cofre, Amazonino renuncia ao mandato de senador da República e elege-se prefeito de Manaus, tendo Eduardo Braga como vice, derrotando o candidato de Gilberto Mestrinho e Artur Virgílio, José Dutra, do PMDB.

O mandato de prefeito de Amazonino Mendes é encurtado novamente. Renuncia ao cargo para concorrer ao governo estadual e se elege, derrotando o fraco radialista e deputado Nonato Oliveira. A partir daí, Eduardo Braga com a chave do cofre da prefeitura, e Amazonino com a chave do cofre do governo estadual, os escândalos se sucedem até o último mandato de Amazonino e de Eduardo.

Os dois fizeram fortuna. Amazonino Mendes era empresário da construção civil falido e conhecido pela emissão de cheques sem fundos. A situação financeira de Eduardo Braga não era lá tão diferente. Amazonino foi denunciado em rede de televisão nacional, pela construção de uma mansão faraônica às margens do rio Tarumã. Eduardo Braga, ao deixar a prefeitura, foi acusado pela então vereadora do PC do B, Vanessa Graziotin, de favorecimento financeiro às empresas ligadas a sua família. Os dois se distanciaram. Amazonino foi reeleito derrotando Eduardo e depois emprestou apoio e o elegeu governador, derrotando Gilberto Mestrinho.

Os governos do Eduardo Braga foram marcados por escândalos. A Operação Albatroz, realizada pela Policia Federal, constatou desvio de 500 milhões de reais em propina. As obras fantasmas do Alto Solimões, a desapropriação de um terreno no bairro de santa Etelvina, a demolição do vivaldão e a construção da Arena da Amazônia, construção da Ponte Rio Negro apontam para um volume de recursos desviados parecido com a ladroagem do PT na Petrobrás.

Hoje o senador Eduardo Braga, homem rico, declara à Justiça Eleitoral um patrimônio de 27 milhões de reais. Riqueza que o coloca como o político mais rico do Amazonas e um dos mais ricos do Brasil. Sua evolução patrimonial impressiona porque ocorreu exatamente no período em que exercia cargos públicos, cujo salário não é superior a 30 mil por mês. Certamente o senador Eduardo Braga possui uma fórmula mágica e secreta para multiplicar suas posses e não confessa esse milagre da multiplicação a ninguém. Nem a Rebecca Garcia.